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Após
um dia de atividades em Aparecida, o Papa Francisco retornou ao Rio de
Janeiro para a inauguração do Polo de Atenção Integral à Saúde Mental
(PAI), do Hospital São Francisco de Assis, no bairro da Tijuca, um dos legados sociais da JMJ Rio2013.
As figuras de São Francisco de Assis e do
Bom Samaritano foram evidenciadas no discurso do Santo Padre. Citando o
momento de conversão definitiva do santo italiano, ao abraçar um
leproso, Papa Francisco estendeu seu abraço aos presentes e falou sobre o
significado do abraço como acolhida cristã ao mais necessitado.
“Precisamos todos de olhar o outro com os olhos de amor de Cristo,
aprender a abraçar quem passa necessidade, para expressar solidariedade,
afeto e amor”, destacou.
Mas só abraçar não é suficiente. Segundo o
Santo Padre, é preciso estender a mão a quem vive em dificuldade, a quem
caiu na escuridão da dependência, talvez sem saber como, ao exemplo do
Bom Samaritano. Mas que isso não exclui a responsabilidade de cada um
pela sua própria recuperação. “Você é o protagonista da subida; esta é a
condição imprescindível! Você encontrará a mão estendida de quem quer
lhe ajudar, mas ninguém pode fazer a subida no seu lugar. Mas vocês
nunca estão sozinhos! A Igreja e muitas pessoas estão solidárias com
vocês”, exortou o papa.
E ao final, deixou uma mensagem a todos que
lutam contra a dependência química e aos seus familiares: “a Igreja não
está longe dos esforços que vocês fazem, Ela lhes acompanha com
carinho. O Senhor está ao lado de vocês e lhes conduz pela mão. Olhem
para Ele nos momentos mais duros e Ele lhes dará consolação e esperança.
E confiem também no amor materno de Maria, sua Mãe. Esta manhã, no
Santuário da Aparecida, confiei cada um de vocês ao seu coração. Onde
tivermos uma cruz para carregar, ao nosso lado sempre está Ela, nossa
Mãe. Deixo-lhes em suas mãos, enquanto, afetuosamente, a todos abençôo.”
O centro tem capacidade para atender 70
dependentes químicos no período de crise e deverá se tornar um centro de
referência e aprendizado na área. A Conferência Episcopal Italiana
colaborou com a obra, que contará com parcerias governamentais para o
seu funcionamento.
Assim que chegou, o Santo Padre foi
acolhido pelos fiéis e visitou a capela da casa de saúde, reformada
recentemente. Em seguida, fez questão de cumprimentar as pessoas que o
esperavam para este encontro, que fazem parte da rede de assistência
social da Arquidiocese do Rio de Janeiro. O sorriso aberto e a ternura
em seus olhos eram constantes em cada aperto de mão e bênção dada aos
peregrinos.
O arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta,
acolheu o Sumo Pontífice com um discurso iniciado por um trecho do
Documento de Aparecida, ao qual o então cardeal Bergoglio foi relator em
2007. “Estas palavras do Documento de Aparecida tornam-se realidade no
dia-a-dia das atividades deste hospital, sem dúvida uma obra de
misericórdia e de promoção da dignidade de cada mulher e cada homem”,
assinalou o presidente do Comitê Organizador Local da JMJ.
O coordenador do legado social da JMJ
Rio2013, padre Manuel Manangão, explicou o projeto da Rede de Tratamento
da Dependência Química da Arquidiocese. “A Missão da Rede é contribuir
para o desenvolvimento de ação transformadora das condições de vida de
pessoas em situação de dependência química, por meio de trabalho
articulado e complementar das instituições da Arquidiocese e parceiros,
oferecendo oportunidade de acolhimento, tratamento de dependência
química, acesso a direitos assim como promover a capacitação de agentes
de prevenção e, integração com as políticas públicas”.
Um dos momentos mais emocionantes foi o
depoimento de dois jovens recuperados de sua dependência química em
instituições católicas. “Sei, pelo sofrimento e humilhação que passei, o
quanto é importante que bons samaritanos e outros franciscos se compadeçam de nós”,
afirmou um deles que viveu 17 anos sob o vício das drogas e 10 deles
como morador de rua. Sob as lágrimas dos jovens recuperados, Papa
Francisco os abraçou fraternalmente.
O diretor do Hospital, Frei Francisco
Belotti, saudou o Santo Padre com um discurso emocionado e caloroso.
“Querido Pai, o Senhor não pode imaginar o tamanho da nossa alegria ao
ver-te escolhido Papa e, esta alegria, aumentou quando escolheu o nome
Francisco. A felicidade cresceu quando mostrou aquele sorriso surpreso,
mas repleto de humildade... O nosso amor teve uma explosão quando
inclinou a cabeça e pediu a nossa oração, pois naquele momento o Senhor
revelou ao mundo que o nome Francisco não era apenas o nome, mas um
projeto de vida. E que também não é uma atitude nova, mas uma
continuidade de quem o Senhor é, daquilo que faz, vive e quer continuar
vivendo”, disse.